Organização
Pedro Fernandes de Oliveira Neto
Cesar Kiraly

Capa
David de las Heras

Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação
Pedro Fernandes de Oliveira Neto

Páginas

248

Formato
edição eletrônica

Autores desta edição
Ondjaki, Jørge Pereira, Izabela Orlandi, Juliana Hollanda, Valter Hugo Mãe, Fernanda Fatureto, Sebastião Ribeiro, Lucas Perito, Mia Couto, Marcelino Freire, Samuel Pimenta, Abilio Maiworm-Weiand, Mauricio Goldani Lima, Sandro Teixeira, Ricardo José Pérez Segura, Bruna Pianto  

Autores convidados
Vicente Franz Cecim, Maria Heloísa Martins Dias


Descrição

"Deus nos promete a vida eterna, mesmo porque, se não fôssemos nós, o que seria dele? Um deus dos hipopótamos, das aranhas, das lagartixas?" (Mario Quintana)



Em 2015 chegamos a um ano sobre uma nova fase da obra do poeta brasileiro Manoel de Barros. É que, depois da vida de qualquer escritor, há outra, que chamaríamos de sobrevida; a feita da eternidade se assim a obra alcançar força suficiente para romper a dimensão palpável do tempo. É bem verdade que nada sabemos de eternidades, nem saberemos nunca porque, nessa vida não viveremos o suficiente e, ainda que vivêssemos ad eternum, também não teríamos a dimensão exata do que seria a eternidade. Estamos diante de uma palavra traiçoeira, labiríntica, que não nos oferece saídas pela via comum da razão. Mas, sabendo que o eterno é esse tempo que se perpetua de um passado distante para o presente, deixemos então de deambulações e pensemos apenas dessa maneira: um dia a mais, é sempre uma peça a mais na extensão desse labirinto sem fim. Pela impossibilidade de determinar o eterno e porque ninguém é versado em saber o futuro não alcançamos acertar quais obras (ou se obras como a do nosso poeta) alcançarão essa dimensão; suspeitamos apenas que, uma poesia assim tão quista como a sua, alçada à superfície do extenso coro de vozes que dão forma à tradição da literatura (e ainda em vida), tenha o vigor para tanto. O resto está inscrito nos desígnios insondáveis do tempo. Fiquemos, então, com outra verdade: essa eternidade não é feita apenas da obra – ela necessita (e muito!) da força dos vivos, os leitores. E é como leitores da poesia de Manoel de Barros que esta edição é agora apresentada. Para a eternidade fica uma pequena peça – inútil, podem pensar uns – mas, se de inutilidades o poeta constrói um universo à parte com a mesma força da forma real, por que não essa pequena peça ser um elemento plurissignificativo nesse eternizamento ou na sobrevida do poeta?