Carlos Drummond de Andrade: contornos
- Poemas de Sierguéi Iessiênin
- Poemas de Yves Bonnefoy
- Os sonetos de Walter Benjamin
- Poemas de Alejandra Pizarnik
- Poemas de Mário de Sá-Carneiro
- Poemas de Konstantinos Kaváfis
- Carlos Drummond de Andrade: poemas escolhidos
- Jorge Fernandes: recortes da cena modernista brasileira
- Mário de Andrade: os poemas escolhidos por Manuel Bandeira
- Das diversas formas de amar (catálogo com poemas de Carlos Drummond de Andrade)
- Poemas de Herberto Hélder
- Poemas de Juan Gelman
- Ana Cristina Cesar: poesia recolhida de 26 poetas de hoje
- Ana Cristina Cesar: uns papéis que encontrei
- António Ramos Rosa
- Adonis (três poemas inéditos)
- Murilo Mendes (imagens e poemas inéditos)
- Manuel Bandeira: versos escolhidos
- Poemas de Urbano Tavares Rodrigues (inclui inédito)
- Ivan Junqueira: um ensaio,cinco poemas
- Poemas de Tomas Transtömer (inclui inédito)
- Manuel António Pina
- Vasco Graça Moura
- A mesa, de Carlos Drummond de Andrade
- Emily Dickinson
- Três poemas de Álvaro Mutis
- Seamus Heaney
- Quatro poemas de Zila Mamede
- Poesia erótica de Bernardo Guimarães
- Leminski: acasos
- Poesia de Roberto Bolaño
- Melville, poemas
- Ruy Belo
- José Bergamín: Paris 1964-1970 - Versos inéditos
- O poeta que há em Ariano Suassuna
- Ronald de Carvalho: Alguns poemas
- Fernando Namora
- Proust poeta
- Eugénio de Andrade: 6 poemas
- Fiama Hasse Pais Brandão
- Charles Baudelaire
- João Cabral de Melo Neto: dizeres
- Rubem Braga: amostra poética
- O'Neill: recortes




Organização
Pedro Fernandes de Oliveira Neto
Cesar Kiraly

Capa
Emilio Sacanavino

Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação
Pedro Fernandes de Oliveira Neto

Páginas
200

Formato
edição eletrônica

Autores desta edição
Rosana Banharoli, Leonardo Chioda, Lara Amaral, Grabriel Resende Santos, Alexandra Vieira de Almeida, Jairo Macedo, Homero Gomes, Thiago Souza, Mariano Tavares, Mario Filipe Cavalcanti, Casé Lontra Marques, Ana Romano.

Autores convidados
Marília Rothier Cardoso, Ordilei Costa dos Santos e Ésio Macedo Ribeiro

Descrição

O POETA DE MÃOS VAZIAS

Não é poeta aquele que não tem seus pares; e os pares hão de ser, inevitavelmente, aqueles que mais lhe oprime pela angústia de não alcançá-los. Aqueles que singularmente produziram uma revolução só comparada à força destrutiva de uma grande fúria natural. Que os pares são deuses e estão para ser destronados tão logo o aspirante poeta consiga perceber em sua estrutura uma pequena infiltração pela qual possam se por e reiniciar em silêncio, no rumorejar lento da tessitura do verso, aquela grande fúria de outros tempos.

Também não é poeta quem desafina com o real a fazê-lo figuração própria para o poema. O poeta há ter lucidez suficiente para ver que o que está à sua volta não pode ser visível pelo olho comum, que esse mundo é cada vez mais mundo de aparência, e o poeta que só aparenta não é digno da confiança alheia. Não é suficiente para ele dedicar-se ao trabalho de perscrutar detalhadamente os movimentos da existência. A cópia fiel é uma tentativa fracassada. O verso há que erguer novas possibilidades de existir, como um caudaloso e perene rio universal a invadir e deslizar por entre o magma sufocador que irriga o mundo contemporâneo.

A busca incessante do poeta deve ser a de se reaproximar do estágio genesíaco da poesia, quando espírito e homem comungavam reciprocidades. Mas há que cuidar para ainda que involuntariamente não voltar a torre de marfim de onde já lhe custou descer. Novamente aporta aqui a necessidade de ser limiar. Esse retorno a unidade perdida é talvez o gesto de maior valor da poesia. É por ele que somos reeducados a ver num mundo em que estivemos limitados pelas vendas das ideologias; é por ele que o poema resiste e é cada vez mais matéria necessária a refiguração do ser, situado que estamos num mundo cuja existência foi subvertida a ponto de ser transformada em coisas entre coisas.

No caso de Lúcio Cardoso é possível admitir pela extensa vivência com palavra o caráter do poeta contemporâneo, ainda que ele esteja em igualdade com muitos nomes de seu tempo dito modernista. Encontramos o autor a se debruçar entre a prosa – o lugar textual com o qual primeiro obtivemos contato – para somente depois compreendê-lo como ser de poesia; esse depois apenas se restringe à produção do poema, que veio depois da prosa, mas ultrapassa todo lugar anterior não apenas quanto ao número de textos do gênero (são aproximadamente 547 poemas), mas porque a melhor parte daquele primeiro lugar é também invadida sem nenhuma licença poética por esta. Produto, certamente, de sua tentativa formal e que o distingue entre os vários nomes da cena contemporânea: Lúcio foi, com Clarice Lispector, um dos precursores no Brasil do romance de fluxo de consciência.

No caso aqui – na poesia – não há espaço para o experimentalismo gratuito a ponto de por em risco as potencialidades do gênero. Lúcio, o poeta, buscou revestir o poema da natureza mais humilde da palavra sem fazê-lo num dizer pobre ou num dizer situado no mais alto alcance do homem erudito. A erudição do poeta é uso de uma dicção capaz de reinventar sem que a reinvenção esteja exposta como um destaque visto propositalmente ao olho nu ou visto ainda naquela fronteira onde só os docilizados pela matéria da erudição fabricada estão suscetíveis de alcançar. Porque poeta, de fato, é quem ultrapassa o comum e o usual com a mesma força que do comum e do usual, não quem se propõe a uma farsa barata com a linguagem. O poeta é que de mãos vazias arranca novas possibilidades de dizer.


Pedro Fernandes de Oliveira Neto




- As várias faces de Alice

- Fotografia

- Poesia

- Prosa

- Crítica literária
















Organização
Pedro Fernandes de Oliveira Neto

Capa
Cláudio Cretti

Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação
Pedro Fernandes de Oliveira Neto

Páginas
272

Formato
edição eletrônica

Autores desta edição
Ricardo Dantas, Davi Araújo, Tiago Duarte Dias, Adriano Winter, Guerá Fernandes, Joice Berth, Marco Polo Guimarães, Ianê Mello, Pedro Belo Clara, Rosane Carneiro, Carina Carvalho, Paulo Lima, Natália Turini, Luís Garcia, Paula Cajaty, Nuno Júdice, Amosse Muscavele, Carlos Margarido, Amélia Luz, Paulo Vitor Grossi, Renata Bomfim

Autores convidados
Alexandre Bonafim Felizardo, Donizete Galvão, Soares Feitosa, Inês Ferreira da Silva Bianchi

Descrição

A POESIA, UMA VIA DE VER AS COISAS

No começo de tudo, quando a palavra e o mundo estavam fundidos e as linhas entre um e outro, portanto, não se difundiam, a poesia estava na matéria do gesto, no pulso do corpo em êxtase, no lugar do divino, numa dimensão, por isso, dada a poucos. Todo poeta, é por essa razão primordial, um geômetra do universo, e o seu exercício escritural nunca poderá está reduzido ao movimento da letra desdobrada uma após outra no espaço amplo do branco da página. Se assim ocorre o universo será estrutura opaca, um defeito, uma mancha dispersa presa no papel. Aliás, a poesia não pode está reduzida ao desenho da forma informe ou do sentido invertebrado do texto. Ela deve conspirar e ter pulso para saltar da superfície lisa da folha e ser matéria pulsante, suspensa, atmosfera capaz de atuar no desempenho do corpo humano, pela lágrima, pelo riso, pelo gozo. É nesse instante que ganha, a palavra, seu real lugar no complexo sistema a que pertence e se ilumina a ponto de refundar o sujeito e o ser.

O poeta enquanto feitor do poema, instante em que primeiro se prime em suas fronteiras as possibilidades da poesia, é somente aquele capaz de conviver no limiar de uma epifania constante que lhe permita está cercado do tempo primordial; epifania que é um fenômeno do espírito e diz uma maneira de estar locado e simultaneamente deslocado. Um pulso de iluminação. Não há, para isso, leis próprias, fórmulas prontas de se ensinar. Há para isso a necessidade do poeta ser feito pela vivência da palavra e seu denso universo fulgurativo. 

Não é poeta aquele que se derrama pelos cantos, que faz histórias de histórias pintando o papel de ponta leste a oeste de berros de amor, de factoides vazios, porque o amor e as vivências são coisas moventes, sentidas mas impossíveis de sua partilha como cópia fiel pelo dorso da palavra. Nunca o poema será mímesis se o poema é sempre criação.

Também não é poeta o que quer ser qualquer coisa que o valha, inclusive poeta; poeta não é profissão, é modo de estar no mundo. A busca cega pela forma, fruto de um encantamento pela palavra e uso inadequado das maneiras do tecnicismo que suprime o próprio pulso da letra, da voz que lhe antecede, é vã; terá e tem levado muitos por descaminhos que nada tem do poeta e da gesta do poema. A busca do poeta que deve se dá pelo dorso da palavra é a de se reaproximar do estágio genesíaco do universo e os únicos guias nessa empreitada são ele próprio e sua vontade de experimentar-se pela boca dos seus antepassados, aqueles que fundaram e ultrapassaram a esfera do tempo comum e se fizeram eles mesmos tempo.

Por motivos como estes, ninguém melhor que Dora Ferreira da Silva para ser homenageada neste caderno-revista. Não é que a poeta tenha uma obra alheia a si e ao mundo empírico, mas ela é o constante estágio de epifania entre este e o lugar genesíaco. Sua poesia parte das dissonâncias existenciais, e só este instante já é de natureza poética, para ultrapassá-las e alcançar um instante único na extensa rede de vozes dos seus antepassados. Alimenta-se de um teor estético e renova o diálogo esquecido pelos estetas da forma, o que não quer dizer que esse trabalho de elaboração esteja ausente na sua obra; do contrário, talvez até esteja mais que em outros, porque a poesia de Dora se guia pela experimentação e refiguração do simbólico que ora se manifesta no poema através da composição linguística, ora através do corpo estrutural do texto. Sente-se, que sua poesia é muito estudada e talvez por isso consiga cumprir o seu papel no universo da linguagem e fora dele: que é o de promover o reencontro do sujeito com outros lugares e a partir daí seja encorajado pela descoberta do universo primordial reencontrado por Dora.

Pedro Fernandes de Oliveira Neto






Lewis Carroll (1832-1898) escreveu, conforme sabemos, dois livros cuja personagem de Alice é o centro das atenções. Além de Alice no país das maravilhas, publicado três anos depois da origem do conto, em 1865, foi publicado também, em 1871, Através do espelho e o que Alice encontrou lá. A obra tem admiradores e estudiosos ao longo do mundo inteiro que debatem símbolos, linguagem, filosofia, psicanálise etc. a partir da narrativa de Carroll. Quem também se aventura pelo mundo de Alice são os artistas plásticos. Desde os desenhos feitos pelo próprio autor para a edição preparada como presente de Natal a Alice Liddell, até experimentações contemporâneas em fotografia, o imaginário de Carroll tem se perpetuado.

Por ocasião da data de 150 anos do clássico e dessa euforia das artes em torno do clássico, o blog Letras in.verso e re.verso na sessão a arte de ilustrar preparou um conjunto de postagens com os principais ilustradores de Alice. Evidente que o número é infindo quase e não teríamos a chance de, por mais que quiséssemos abarcar a todos; por isso, demos atenção às experiências mais inovadoras que introduziram novas forças de sentido ao texto de Carroll.