Título
Rol da feira
Gênero
Poesia
Autor
Márcio de
Lima Dantas
Capa
Joaquín
Torres García
Páginas
40
Outras
informações
O e-book foi
apresentado como encarte para a 5.ª edição da Revista 7faces publicada em agosto de 2012.
Descrição
O que se
reaviva nesse último livro é algo que já havia observado em Xerófilo,
publicação indexada na terceira edição do caderno-revista 7faces: a
palavra como instância transfigurada. Não sei se notei com esses termos, mas
façamos de conta que tudo que eu tive oportunidade de dizer sobre o livro na
época em que ele apareceu está resumido nessa ideia. A operação ensaiada pelo
poeta é processo muito sofisticado, mais sofisticado do que a reinvenção do
código linguístico por meio da introdução de novos vocábulos, porque nele é a
finesse do sentido o que é reinventado. Ao contrário dos poetas céticos que
apostaram por longa data no “ceticismo da palavra”, para recuperar os termos de
Hofmannsthal, Márcio de Lima Dantas crê na palavra como peça na condução do
leitor à produção do estado poético.
Em Rol
da feira, já desde o título e a sequência de poemas como “Arma branca”, “Galo”,
“Cigana”, “Gazo”, “Cacimba de areia”, “Sinuca”, “Casa sertaneja”, e há outros,
mas bastam estes, apesar de rememorar nomes, tipos, o leitor não encontrará
neles uma evocação realista – com toda implicação assumida entre o termo e o
objeto –, mas uma apropriação dos sentidos que nomes e tipos possam evocar para
sua ressemantização. Arrisco-me a dizer: o poeta se apoia na vida e nas
palavras e entende o gesto poético como uma ficção deduzida da observação. E se
descartei os subterfúgios da complexa relação entre termo e objeto, descarto
também os sinônimos de falsificação, fraude ou de mentira para a ficção.
Prefiro crer que o trabalho aqui é o alargar as fronteiras tão precárias da
realidade e de novas maneiras de dizer as coisas. Noutras palavras, a
transfiguração evocada aqui não se guia por além de, mas pela pequenez da
universalidade, alimentada integralmente pelos resquícios da palavra. Tem seu
nascimento, sua existência, sua movimentação na sofisticada relação desenhada
entre o eu-poético e a ‘arma branca’; “No embate, um/ só corpo emana”, um poema
que lembrando o que vemos reinventa suas fronteiras.
Pedro
Fernandes. “Para ler Rol da feira, de Márcio de Lima Dantas”. In: caderno
Domingo / Jornal De Fato. Mossoró, 12 de agosto de 2012, p.13.