Organização
Pedro
Fernandes de Oliveira Neto
Projeto
gráfico, editoração eletrônica e diagramação
Pedro
Fernandes de Oliveira Neto
Páginas
232
Formato
edição
eletrônica
Autores
desta edição
Carlos Reis,
Fernando J. B. Martinho, José Rodrigues de Paiva, Sandra Ferreira, Jorge
Valentim, Lucas Antunes Oliveira, Rosidelma Pereira Fraga, Maria Elena Legaz,
Hilda Orquídea Hartmann Lontra, Elielson Antônio Sgarbi, Luciana Stegagno
Picchio, Soares Feitosa, José Saramago, Horácio Costa
Descrição
Depois de
publicado Terra do pecado, em 1947, seu primeiro romance, José Saramago
passaria um intervalo de quase vinte anos sem publicar nenhum outro livro. O
que não quer dizer que o escritor durante todo esse tempo não tenha escrito. Do
contrário. Inéditos expostos em A consistência dos sonhos, exposição
organizada pelo curador espanhol Fernando Gómez Aguilera, deu contas de que
nesse período Saramago foi tão polígrafo quanto no período no qual se consagra escritor.
Esboço de poemas, contos, romances inacabados, resenhas, crônicas, peças de
teatro, enfim, uma leva de materiais escritos que dão contas de um Saramago que
buscava, em todos os territórios da escrita, um lugar próprio. E o encontrou.
Tardiamente, como romancista. Mais precisamente em 1980, com o romance Levantado
do chão. Antes, porém, depois do longo verão das publicações, a 'reestreia' se
dá em 1966, e vem através de um gênero no qual o autor nunca será reconhecido
pelo tal: a poesia. Entretanto, da extensa obra deixada por José Saramago
que temos conhecimento, convém sublinhar que, também a poesia, se constitui num
naco significativo no âmbito do conjunto completo da sua produção literária.
Para efeito, citem-se: Os poemas possíveis - o referido livro de
'reestreia' literária do escritor, publicado naquela que, à época, foi a mais
importante coleção de poesia portuguesa, a coleção Poetas de Hoje, em 1966; Provavelmente
alegria, em 1970; e O ano de 1993, publicado em 1975, que é o que podemos
chamar de sua assinatura oficial ao fim da produção no gênero. Fruto de uma
“fabricação poética” (para usar os termos do próprio escritor em entrevista a
Carlos Reis, 1998), todo esse material seria revisto mais tarde por Saramago e
republicado não só com um certo número de rasuras, mas também com um certo
número de emendas. Entendendo que, antes de ser espaço-prólogo de escrita, isto
é, de ensaio para composição da obra que se estende pós-poesia, a obra poética
de José Saramago tem, coerentemente, um significado para o quadro da poesia
portuguesa contemporânea e, consequentemente, na produção literária do
escritor. Trata-se, no entanto, de uma das zonas de criação do escritor menos
explorada ou pelo menos ainda não estudada com profundidade, seja pela crítica
brasileira, seja pela crítica estrangeira. A concepção e a elaboração desse
número especial do Caderno-revista 7faces pretende chamar atenção
para esta parte da obra de José Saramago e pretende ser um espaço para um
diálogo acerca desse material poético do escritor português e recebe textos
que, no seu âmbito, se propõem a discutir a poesia e aspectos concernentes à
poesia do escritor. A ideia dessa edição nasce ainda em junho de 2010. Ao longo
desse período uma série de ações foi realizada, dentre as quais, cito a inauguração
do espaço Um caderno para Saramago, a realização do concurso Uma página para
Saramago, a realização dos cursos Um universo de José Saramago - paisagens e
Diagnósticos do presente em José Saramago, Chico Buarque e Jorge Reis-Sá. Esta
edição que o leitor tem agora em mãos é, pois, fruto de um esforço de longa
data e coletivo e, antes de ser um trabalho de leitura para uma face menos
escura da literatura saramaguiana, uma homenagem que tem por interesse
perpetuar uma obra que foi e é um acontecimento relevante para o universo das
literaturas em expressão portuguesa.
Pedro
Fernandes de Oliveira Neto
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